Em 19/05/2010
Quando Victor foi gerado, eu tinha dezessete anos. Diante da possibilidade de ser mãe, não tive dúvidas. Me ajoelhei ao lado da cama e orei . “Senhor, estou assustada. Sei que sou muito nova. Se nesta noite estiver concebendo um filho, sei que não estou sozinha. Sei que antes de ser minha, essa criança é tua. Guia meu passos, dá-me sabedoria, dá-me condições para criar esse filho . Ajuda-me Senhor a cuidar dele para ti. Que ele seja um servo teu.Amém!”
O nome do Victor foi escolhido assim. No meio das dificuldades serás um vencedor. Serás vitorioso.
Enquanto muitas mães lamentam filhos rebeldes, teimosos ou inconseqüentes. Eu e o Márcio podemos nos orgulhar de termos o Victor como filho. Tivemos o privilégio de ver crescer um menino carinhoso, obediente, organizado. Um menino que conseguia se alegrar com cada presente singelo que recebia. Que desde cedo aprendeu a presentear com simples e belos presentes.
O Victor, ainda bem criança criou um personagem que representava todo um amor celestial. Era o “Anjinho Coração”, um coraçãozinho vermelho com uma carinha feliz, dotado de asinhas brancas, auréola e que voava deixando um rastro nas cores do arco-iris. O Anjinho Coração sempre aparecia em doces cartinhas, com letras bem caprichadas, que traziam mensagens como “papai e mãe, amo vocês.” Envolvidas em envelopinhos dobrados pacientemente.
Ainda quando estava aprendendo as primeiras letrinhas, o Victor assumiu um compromisso. Escrevia e decorava cartões de natal para toda a família. Ele mesmo fazia questão de entregar.
Acostumado a ouvir musica desde o ventre, o Victor escolhia seus cd’s favoritos .Uma coletânea de musica clássica que aprendera a ouvir na casa da avó Lenita. Aquele pedacinho de gente trazia o cd enfiado na ponta do dedo indicador e punha no aparelho de som. O dedinho treinado percorria os botões até ajustá-los todos ao seu modo, então sentava na mesinha de centro, com perninhas cruzadas deleitava-se ouvindo obras de grandes mestres.
O Victor brincava de dobrar suas roupinhas e arrumá-las na gaveta do seu armário. Enfileirava cuidadosamente sua coleção de carrinhos de ferro.
Escolhia algumas roupinhas e brinquedos usados e pedia para dar para algum menino pobre.
Victor sabia fazer sozinho os deveres da escola e mostrava com orgulho seu boletim.
Victor soube desde cedo fazer e preservar belas amizades. Faz questão de estar nas festinhas de aniversário, leva singelos presentes escolhidos com carinho.
Algumas vezes, passava horas confeccionando o próprio presente, algum desenho especial, brinquedo artesanal,mais tarde, um cd de musicas favoritas e até vídeos com fotos.
O jovem que vi crescer detesta bebida, não suporta cheiro de fumo, Cultiva um bom linguajar, sofre com injustiças, sabe dar conselhos.
Não ostenta roupas caras, apenas um belo sorriso, apertos de mãos apertados, abraços calorosos.Respeita os mais velhos,é solidário com o mais fraco, sabe perdoar, sabe guardar segredos dos amigos.
O Victor sabe dizer com licença,obrigado, sabe cumprimentar na chegada e na saída. Sabe preparar surpresas românticas para as garotas que ama, sabe ser discreto e delicado.
O Victor é persistente, perseverante, tem determinação. É criativo, inteligente, talentoso, bem humorado e espirituoso.
Victor é sem duvida um exemplo de bom amigo e de bom filho.
Sinto-me privilegiada por ter sido escolhida para ser mãe do Victor.
Ele é meu primogênito, o primeiro neto de minha mãe e o primeiro bisneto da minha avó.
Victor aos 12 anos, decidiu ser batizado, e ser declarado um servo de Deus.
Então com quase dezoito anos, descobrimos que Deus ao moldá-lo, colocou uma MAV, com dia certo para romper. Estava determinado.
Depois de um grande susto, um milagre! Victor se recupera surpreendentemente de um primeiro AVC.
Victor escreve a letra de uma música declarando que somente os planos de Deus são perfeitos.
Victor sofre um segundo e um terceiro AVC, este último com conseqüências bem mais graves.
Ao lado do leito, vejo meu filho quase inerte. Sustento sua cabeça, os braços pendem sem força. Victor apenas dorme...
Tantas imagens surgem na memória...
Me lembro inevitavelmente de Maria.
Acho que ela também , enquanto contemplava seu filho crucificado, lembrava de tantos momentos.... a concepção quando ela era ainda tão jovem. A escolha do nome. Os primeiros passos do menino. Jesus se apresentando no templo. Seu batismo. O início do seu ministério. Maria conhecia bem as virtudes de Jesus. Amava seu filho e admirava seu caráter, mas sabia que antes de ser seu filho, Jesus era o Filho de Deus. Maria conhecia bem as escrituras, sabia a missão de seu filho. Aquele rapaz virtuoso e sem mácula seria condenado à morte.
As semelhanças terminam por aqui.
Não, eu não era virgem e Victor tem um pai biológico!
Meu filho é cheio de virtudes, mas é tão pecador como todos nós!
Jesus não é só um servo de Deus, Ele é o próprio Deus, o unigênito do Pai!
E porque então fazer esse paralelo?
Bem , lembro que o Victor desde pequeno também gostava de se fantasiar e interpretar personagens. Mais tarde andou até fazendo teatro assim como eu...
Talvez Deus esteja usando um pouco do talento que deu aos seus servos. Talvez esta cena, esta estranha versão da Pietá, sirva para nos lembrar que Jesus já foi dado em sacrifício perfeito! Por mim, por você e por Victor!
Rachel Azulay Leite
Maio de 2010
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas que o mundo fosse salvo por ele.
Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se achega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras.
Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.
Jo 3.16-21
Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem porém, não crer será condenado.
Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem; em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.
Mc 16.15-18
Esse texto devia ter assas e voar até os corações de todas as mães. É lindo, sensivel, tocante. Me emociono todas as vezes que leio.
ResponderExcluirAdmiro a sua força e a sua fé inabalável. Nada se compara ao amor de mãe, só mesmo o amor de Deus. É muito forte e doloroso o que acabei de ler, na verdade não conseguir terminar a leitura do Blog por que as lágrimas não me permitiram.... Que Deus na sua infinita bondade continue te dando forças e fé para alcançar a graça desejada....
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