segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eu vi anjos !

Eu vi anjos !
Elias Azulay*

Eu sabia dos anjos sobre os quais minha mãe me falava na minha infância. O Anjo-da-Guarda, por exemplo, que nos protegia a mandado de Deus. Ele me era apresentado com enormes asas e as mãos gesticulando prontidão para proteger as crianças.

Hoje em dia anjo até virou moda. Anjinhos que servem de adornos, de lembranças, de presentes. Até secretárias, recepcionistas e telefonistas menos preparadas, criaram hábito de chamar cliente de “meu anjo”.

Mas eu quero mesmo é falar a respeito dos anjos que eu vi. Vi sim! Só que esses anjos que eu vi e conheci de perto e com os quais até falei, são diferentes daquelas figuras bem pintadas e desenhadas. Não têm rosto de criancinha nem cabelos encaracolados, com cachinhos e topetes caídos na testa. Os anjos que conheci, com os quais fiquei encantado, extasiado e reverente até, não têm semblante tranqüilo... embora nos transmitam muita tranqüilidade.

Esses anjos que eu conheci e aprendi a admirar, convicto de que são mensageiros de Deus, são diferentes dos seres humanos - embora sofram como os seres humanos comuns.

Não são seres sobrenaturais, porém não agem com naturalidade. Suas vestes não são resplandecentes, porém são, geralmente, brancas embora possam ser verdes, azuis, estampadas e, às vezes, até desbotadas e amarrotadas. Nunca estão impecáveis, pois suas atividades não permitem que seus trajes estejam impecáveis. Impecáveis são suas mãos habilidosas, são suas atenções fixas nos gestos e nos sintomas de quem os rodeiam. Seus ouvidos estão atentos aos sinais ruidosos dos alarmes dos muitos aparelhos que estão à volta que podem tocar intermitentemente. Sua atenção está voltada para uma lágrima vertida ou para a tentativa de um sorriso a se esboçar no rosto inerte de alguém.

Esses anjos choram em silêncio com o gemido de quem sofre ao seu lado, e dão pulos de alegria com o tênue sinal de melhora de alguém que já estava sem esperança.

Esses anjos existem. Sim, existem! São vocacionados por Deus. Mensageiros de Deus. São os braços de Deus; as próprias mãos de Deus; são o toque de Deus, trazendo alento aos que sofrem, afofando-lhes o leito da dor.

Ah, como é lindo o sorriso desses anjos. Como é resplandecente o semblante desses anjos. Como é bom ter a certeza de que esses anjos existem e estão por perto na hora da dor.

Sim. EU VI ANJOS! Eles não “aparecem”. Eles estão sempre lá: nas UTIs, nos hospitais.

Como é maravilhoso pronunciar os seus nomes: MÉDICOS e ENFERMEIROS.

Graças a Deus porque esses anjos existem! Existem sim! Eu os vi.

*Avô do Victor (leito 01, UTI do 9º andar, bloco 5,
Hospital da Beneficência Portuguesa – SP)

2 comentários:

  1. Rachel, esse é para meu sogro!!!!!

    Sr. Elias,
    Que inspiração ao escrever esse texto!
    Digno de ser colocado em cada hospital como homenagem a esses profissionais.

    Sua nora
    Igliana.

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  2. Sou academico de enfermagem, por acaso vi a comunidade que fala sobre seu filho no orkut... Confeço que me emocionei muito. E quero que saiba que apesar de vocês não me conhecerem, eu também acredito em milagres, acredito na recuperação do seu filho. E que esses anjos irão levar a Bênção que Deus tem preparado para vocês!
    Realmente, a vida é cheia de provações.. Talvez essa seja a mais dura. Mas acresite DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A CALMARIA. Deus irá guia-los a calmaria, tirará vocês desse tempestade. A fé move montanhas.
    Com carinho, Marcos Montelo.

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